Apenas com luta efetiva vamos resistir aos ataques do Governo Ratinho Jr

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Apenas com luta efetiva vamos resistir aos ataques do Governo Ratinho Jr

Amanhã recomeça o ano letivo nas escolas públicas do Paraná. As incertezas e
inseguranças são tantas que muitos professores já vem relatando quadros de ansiedade,
pesadelos e perda do sono.
Conscientes da natureza política das condições desumanas a que educadores e
educadoras têm sido submetidos nos últimos anos, temos trabalhado com afinco na
organização do Movimento Vinte e Nove de Abril – M29, cujo objetivo é reorganizar a
luta coletiva em defesa da escola pública e das condições existenciais dos profissionais
da educação, pela base e democraticamente.
É muito importante, obviamente, que todos os educadores do estado se somem a nós
nesta luta. Entretanto, enquanto nos reorganizamos enquanto categoria, precisamos agir
de forma prática em nossos espaços de trabalho. Neste sentido, é preciso relembrar
alguns princípios fundamentais inerentes às práticas de ensino:

  1. A prática pedagógica é, invariavelmente, política. Por isso, precisamos tomar
    posições claras. Afinal, ensinamos o quê, para quê e para quem? Ensinamos a favor de
    quem e contra quem?
  2. Nossos alunos são filhos de trabalhadores, tão ou mais explorados do que nós,
    fortemente manipulados pelos aparelhos ideológicos da classe dominante. Podemos
    desenvolver práticas de ensino para fortalecer os processos de alienação e de
    domesticação ou para promover a consciência crítica e a autonomia;
  3. Embora o atual governo seja extremamente autoritário e detenha um sofisticado
    sistema de controle, de vigilância e de punição, ainda é possível encontrar espaços para
    exercício de uma autonomia relativa nas interações concretas que realizamos com
    nossos estudantes. Precisamos de discernimento para ocupar esses espaços;
  4. Precisamos, educadores e educandos, nos organizar em coletivos nas unidades
    escolares, promovendo relações de solidariedade de classe, nos protegendo e avançando
    na construção de práticas emancipatórias;
  5. Precisamos, com altivez, questionar ordens arbitrárias que nos são passadas através
    de chefias imediatas. Não podemos aceitar silenciosamente a imposição de uso de

tecnologias estranhas a nosso trabalho, a exigência de cumprimento de metas absurdas e,
ainda, o trabalho em ambientes hostis e insalubres;

  1. Não podemos realizar tarefas em horário que transcenda a jornada de trabalho pela
    qual somos pagos. O que não é possível ser feito durante a hora-atividade, não devemos
    fazer;
  2. Não podemos permitir que companheiros de trabalho sejam vítimas de pressão, de
    assédio moral e de outras formas de violência, veladas ou explícitas, degradantes da
    nossa condição profissional;
  3. Certamente, a situação dos profissionais da educação no estado do Paraná beira à
    crueldade, mas ainda não chegamos ao fundo do poço. O projeto deste governo é
    diabólico e, sem luta coletiva e resistência efetiva, iremos, nos próximos anos,
    fatalmente, perder os poucos direitos que ainda nos restam;
  4. A luta jurídica e a disputa parlamentar não irão resolver nossos problemas. Ninguém
    se salvará sozinho. Só a luta muda a vida, mas só conseguiremos forças se estivermos
    juntos. Temos que nos dar as mãos e nos encostar uns nos ombros dos outros em nossos
    locais de trabalho;
  5. Para vencer a barbárie, precisamos de ciência, de arte e de filosofia, não esquecendo
    que “NADA É IMPOSSÍVEL DE MUDAR

Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito
como coisa natural.
Pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural.
Nada deve parecer impossível de mudar.”
Bertold Brech

Movimento 29 de Abril – 02 de Fevereiro de 2025

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